Duas pequenas grande esportivas:
Contra o cronômetro
A diferença de preço entre modelos rivais pode, por si só, decidir uma compra. Fato é que no caso das pequenas esportivas Kawasaki Ninja 250R e Kasinski Comet GT-R 250 a diferença é pequena, deixando a disputa apenas entre as competências dos dois produtos, seja técnica, dinâmica ou em termos de status. Afinal, ninguém compra uma moto assim para passar desapercebido.
Talvez o primeiro passo para o mundo das esportivas, Ninjinha e GT-R atendem, sim, a esta expectativa. São consideravelmente mais potentes que outras 250 e 300, como Yamaha Fazer 250 e Honda CB 300. Ambas trazem motor de dois cilindros, freios a disco nas duas rodas, carenagens e outros adendos que as diferenciam das demais.
São vendidas por R$ 15,5 mil e 15,1 mil, contra os R$ 12 mil de uma CB 300, dentro da realidade se considerarmos o que oferecem a mais. E por falar em esportividade, nada melhor que avaliá-las em um autódromo. Antes disso, que tal um exame visual? Vire a página e confira as conclu- sões de nossa equipe técnica.
Pode ser decepcionante acelerar estas duas rivais se você se deixar levar apenas pelas linhas esportivas. Elas transpiram mais esportividade que a encontrada na manopla da direita. Sim, está certo, estamos nos referindo a modelos de apenas 250 cc, mas a estratégia de ambas as marcas é oferecer desempenho começando pelos olhos.
A Ninjinha remete a modelos maiores, ainda mais esta na tradicional cor verde (até o assento do garupa é verde!), enquanto a GT-R traz linhas agressivas graças a vincos mais acen- tuados, ao uso de semi-guidões presos diretamente às bengalas e ao tanque bem bojudo. Para os mais detalhistas, as linhas da suspensão dianteira invertida, upsidedown e a oferta de dois discos de freio dianteiros denunciam uma esportividade digna de modelos de 600 cc.
A primeira avaliação do dia foi o consumo de gasolina. E aqui, a solução técnica de cada departamento de engenharia vale muito. A Kawasaki optou por um motor de dois cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando no cabeçote, arrefecimento líquido e alimentado por injeção eletrônica.
A Kasinski partiu para outra receita: motor com dois cilindros em “V”, quatro válvulas, duplo comando no cabeçote, arrefecimento a ar (com radiador de óleo) e injeção eletrônica. Diferença que vai além do que os roncos dos escapamentos sugerem. E será decisiva no decorrer do teste, como veremos a seguir.
Tanques completos, GPS para medir distâncias e velocidades, e os pilotos saem para simular o uso misto cidade/estrada. Nosso padrão consiste em 30 voltas no circuito do autódromo ECPA, no interior de São Paulo, perfazendo 40 km.
E a surpresa começava a marcar nossos pilotos: “Achei que a Comet fosse gastar mais, pois tive que acelerar para manter o ritmo da Ninja”, alertou o piloto Leandro Mello.
Em números, a Comet se saiu melhor no teste de consumo, atingindo a marca de 24,8 km/litro, contra 22,7 km/litro da Ninjinha. Realmente, a impressão de Leandro Mello ao pilotar a Kasinski era verdadeira: usávamos mais o acelerador da Comet para manter a mesma velocidade da Ninja que, teoricamente, mesmo “acelerando menos”, gastou mais.ainda neste início da avaliação.
A Comet já mostra que os sul-coreanos não estão mais na briga como coadjuvantes (a Kasisnki usa tecnologia Hyosung). Se o teste terminasse por aqui, seria difícil eleger, com convicção, a melhor. Mas nosso com- parativo continua, e vamos a ele.
Degrau acima. Lado a lado.
Ninja 250 e Comet 250 são motos diferentes. E na pista, também. Antes de entrarmos diretamente na avaliação comparativa, vale ressaltar a evolução da representante da Kasinski nesta versão 2010.
Usando um pneu traseiro mais estreito (130/70-17) que a anterior, a ciclística da Comet melhorou. As mudanças de traçado são feitas mais naturalmente, sem ficar brigando com a moto, como acontecia antes com o pneu traseiro mais largo.
A adoção do modelo Sport Demon Pirelli auxiliou a aderência em curvas, sem prejudicar a agilidade nas mudanças de trajetória. Em teoria, a Comet leva vantagem em relação a Ninjinha.
Traz suspensão dianteira upside-down, que deveria amenizar o efeito negativo da massa suspensa (na prática, deixar o efeito de compressão e ex- pansão dos garfos mais linear e preciso), dois discos de freio dianteiro (com direito a regulagem no manete direito) e uma posição de pilotagem mais agressiva, colocando o piloto mais à frente, carregando mais o eixo dianteiro e, por conseqüência, a carga no pneu dianteiro (melhora a aderência do pneu com o solo).
A Ninja, tecnologicamente mais despojada neste sentido, tem apenas um disco dianteiro, suspensão convencional na frente e uma posição de pilotagem, acredite, menos agressiva, graças ao semi-guidão preso à mesa, e não diretamente nas bengalas, como no caso da Comet.
Por outro lado, dizem que da teoria à prática existe um mar de distância e, mesmo mais convencional, a Ninjinha se saiu melhor nas curvas do autódromo.
A Comet oscila em descompasso do eixo dianteiro com o traseiro, sensação de baixa rigidez do quadro. Não prega sustos, nem chega a perder a estabilidade por conta disso, mas descendo de uma e montando na outra, fica clara a solidez da Ninja nas curvas de alta velocidade.
Em contornos fechados, a Comet sofre: raspa com facilidade o suporte do descanso lateral, enquanto a suspensão traseira afunda com facilidade. é um show pirotécnico entre as fagulhas deixadas pelas pedaleiras e o descanso lateral, enquanto a Ninja também participa do show com menor intensidade, raspando as pedaleiras e, nos casos mais graves, o escapamento.
Provavelmente, não se chega a tanto usando estes modelos na rua, mas na pista, o limite de inclinação das rivais chega cedo demais: “A Comet poderia ser mais rápida, não fosse esta pedaleira”, avisa Leandro Mello, apontando o descanso lateral todo ralado, ou o que sobrou dele. A Comet contorna as curvas bem, mas a Ninja está um degrau acima.
Aproveitamos para iniciar aquele que talvez seja o teste mais completo: a volta rápida. Usando o máximo de todos os apêndi- ces da moto (suspensões, freios, motore câmbio), o piloto acelera fundo para realizar a volta no menor tempo possível.
São três voltas, que resultam na média das passagens. A Comet atingiu o valor médio de 39,8 segundos, tempo mais lento que o obtido pela Ninjinha, que estacionou em 38,5 segundos. Uma diferença de 1s3 que seria descoberta nas próximas avaliações, embora Mello dê uma dica: “A Comet perde no motor. No resto ela é parecida com a Ninja”. Vamos ver…
Com GPS instalado para garantir a precisão dos números, partimos para a aceleração. De zero a 100 km/h a Comet precisou de 11,6 segundos. Seu motor V2 tem 32,1 cv para impulsionar 173 kg.
Concentração, giro no máximo, descarregamos a embreagem, trocamos de marcha rapidamente e a Ninja faz a mesma prova em 10,2 segundos, bem melhor que a Comet. A Ninjinha oferece 33 cv e peso total de 170 kg. O curioso é que o motor da Kasinski mostra na ficha técnica um torque superior (2,31 kgf.m a 8.000 rpm, contra 2,24 kgf.m a 8.200 rpm da Kawasaki), números que não foram suficientes para fazê-la andar na frente da Ninja.
O contra-ataque poderia surgir nos freios. Equipada com dois discos dianteiros, a Comet teoricamente é melhor que a Ninja. Aferimos os velocímetros (as duas bem otimistas, com erro na casa de 10%) e chega- mos às seguintes medições: de 40 km/h a zero, a Comet precisou de 7,50 metros, contra 7,03 metros da Ninja.
Ok, vamos aumentar a velocidade para ver se os dois discos da Comet são melhores que o único da Ninja… De 80 km/h a zero a vantagem da Ninja continua: 23,7 metros contra 22 metros, respectivamente.
Os prós e contras são os seguintes: mesmo com dois discos dianteiros a força aplicada no manete da Comet é grande, dimi- nuindo o controle do piloto que tem de “alicatar” o freio. Em resumo, a Ninja freia melhor, mas tende ao travamento e apresentou fading (perda de eficiên- cia por calor) antes da Comet.
Tudo bem, esqueça a pista. Você quer mesmo curtir o visual esportivo delas naquele passeio com a namorada na garupa, sem se preocupar com um segundo aqui ou um metro ali? Se a namorada tiver papel decisivo na compra, ela vai optar pela Comet.
é a única que tem alça para apoio do garupa, embora o assento também não seja lá essas coisas. Na Ninja, nada de apoio para as mãos, privilegiando as linhas esportivas que, com o assento verde, a tornam visualmente uma monoposto.
A Ninja vence o duelo, afinal é um pouco melhor em quase tudo. Acelera mais, freia em espaço menor e oferece mais estabilidade por um preço equivalente.
Obs.: Estou pensando em comprar a Comet, que apesar de ter um motor um pouco inferior, ganha na aparência e na garupa e isso conta muito por eu ter uma namorada.
Fonte: http://motosbrasil.net/2010/07/28/novo-comparativo-ninja-250r-x-kasinski-cormet-gt-r-250/
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